MUPE
MEMÓRIA E IDENTIDADE
AÇÃO E INTERVENÇÃO PARA PROMOÇÃO DO MUSEU DE PERIFERIA – MUPE SÍTIO CERCADO:
A presente proposta foi parte de um trabalho desenvolvido para a disciplina Projeto Avançado; “Espaço, Tempo e Forma - Proposta Para Um Novo Humanismo” sob orientação da Professora Dra. Tânia Bloomfield da Universidade Federal do Paraná e teve por objetivo estabelecer um plano de ação para promoção do Museu que fica localizado à Rua Francisco José Lôbo, 213 Sítio Cercado, Curitiba – PR.
A sede do Museu (na ocasião) pertencia à Associação dos moradores Nossa Senhora da Luta, onde aconteciam concomitantemente diversas atividades de interesse da comunidade, tais como reuniões, eventos comemorativos ou funerários.
O espaço anexo destinado ao Museu, guardava o acervo fotográfico com a história do bairro desde o período anterior à sua fundação, quando as terras ainda pertenciam aos herdeiros da família Ferreira da Cruz.
Também fazem parte do acervo objetos como, ferramentas diversas, chapéus e botas dos primeiros moradores da Vila Xapinhal (área de ocupação posteriormente regularizada, após reivindicação da população por moradia). Na parte externa, além do estacionamento, também fica uma pequena horta.
A articulação entre a coordenação do Mupe para efetivação do presente trabalho, se deu em primeira instância com a coordenadora Palmira de Oliveira no dia 29 de agosto de 2017 na sede do próprio Museu.
METODOLOGIA
O trabalho foi dividido em duas etapas:
1. Instalação com crochê no Museu;
2. Cartografia. Intervenção nas calçadas da cidade (criação de uma rota ligando o Museu ao centro da cidade de Curitiba)
1. Instalação na parte externa do prédio; fachada, portas, janelas e na horta. Para esta etapa foi reunido um coletivo de moradores de Curitiba para a produção de crochês ou tricô em qualquer quantidade. Com este material foram cobertas partes da fachada e dos troncos das árvores. Os fios necessários para a execução foram doados pelos próprios voluntários. Até o presente momento o coletivo conta com 15 voluntários. A finalidade do trabalho é promover a visibilidade do espaço cultural por meio da ativação do sentimento de pertencimento da comunidade, cujo desdobramento visa novas ações culturais e políticas para o local.
2. Para a cartografia, duas voluntárias auxiliaram no recolhimento de 40 pedras de calçamento (paralelepípedos) que se encontravam desprendidas das próprias calçadas da cidade. As pedras foram pensadas pela sua própria materialidade e por fazer parte da arquitetura histórica da cidade. Elas compõem nos bairros mais antigos o calçamento das ruas e estão presentes em muitos trechos das calçadas de Curitiba.
Estas pedras remetem à desaceleração, os próprios carros ao circularem por vias calçadas o fazem em velocidade reduzida e devido à sua irregularidade o caminhar se torna mais lento, mais atento. Com esse propósito, de apreender prolongadamente o olhar dos transeuntes, elas receberam uma pintura feita com estêncil que remete ao crochê ou ao rendado e no verso foram inscritas as palavras; M U P E ou MUSEU DE PERIFERIA-PR.
Estas pedras, após a interferência, foram redistribuídas nas calçadas ao longo de um trajeto que foi traçado a partir da Praça Tiradentes. A distância para a rota escolhida totalizou 17 kilômetros. As pedras foram deixadas, ora encaixadas entre outros paralelepípedos, ora simplesmente soltas em pontos estratégicos a cada bairro percorrido.
Foram 9 pontos no total:
1- Marco Zero de Curitiba - Praça Tiradentes, Centro
2- Av. 7 de Setembro com Rua Barão do Rio Branco, Centro
3- Av. 7 de Setembro com Rua Padre Ildefonso, Bairro Batel
4- Av. República Argentina com Rua Prof. Brasílio Ovídio da Costa, Bairro Água Verde.
5- Av. República Argentina – Museu Municipal de Arte, Bairro Portão
6- Av. Winston Churchill com Rua João Bonat, Bairro Novo Mundo
7- Av. Winston Churchill com Rua João Rodrigues Pinheiro, Bairro Capão Raso
8- Rua Izaac Ferreira da Cruz com Al. N. Sra do Sagrado Coração, Bairro Pinheirinho
9- Rua Izaac Ferreira da Cruz com Rua Adrianópolis, Bairro Sítio Cercado
Para complementação desta etapa, poderá ser desenvolvido um mapa virtual juntamente com o grupo de Iniciação Científica/Geografia da UFPR sob orientação do Professor Dr. Marcos Torres.
O registro fotográfico foi realizado pela artista e estudante de Design Marcellen
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(Eliana Brasil)
Graduanda em Artes Visuais, UFPR.
Curitiba, 18 de outubro de 2017
Desta forma criou-se dentro de uma rota geográfica, um outro trajeto de caráter simbólico impresso nas pedras do próprio caminho.